Ele ri de mim, quando eu estou falando e repetindo as mesmas coisas de antes, de tantas outras falações, mas não me faz calar, ele simplesmente adora ouvir minhas intermináveis lamúrias dengosas. Ele não abre a porta do carro, espera na calçada e me inspeciona dos cabelos aos pés, só no pensamento e cheio de brilho nos olhos, tudo o que eu produzi para ele. Ele me liga, (nem sempre)quando estou no fim da tarde com a cabeça já cansada do trabalho, diz que me ama e que tem uma surpresa para mim; eu já sei que é um beijo, um abraço gostoso quentinho, e um bombom “Sonho de Valsa”, surpresa que nem dez pares de sapato pagariam é meu arrojo para eu findar aquele dia.
Pode ser que um ou outro fim de semana ele queira beber com os amigos, ou assistir os jogos do Botafogo ou Santos - sim, de fato eu odeio – mas quando ele chega me enche de mimos e faz uma carinha de cachorro que caiu da mudança, mesmo sabendo que eu continuo brava, ele faz “graça da comida", e conta os episódios do dia, e ri, e faz mais “graça” e por fim me vence pelo cansaço e começo a sorrir, nesse ponto perdi, eu já não posso voltar atrás, já desculpei sem querer.
Ele me ama olhando nos olhos, nesse instante não sorri, é o instante em que adoro vê-lo de rosto sério, até imagino um lobo mal de cavanhaque rsrsrs...falando de um menino de nariz pontudo igual ao dele e uma menina de olhos e cabelos pretos iguais aos meus.
Não é aquilo que eu queria,mais é tudo o que eu sonhei pra mim!
Pra você guardei o amor
ResponderExcluirQue nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar